As doenças inflamatórias intestinais (DIIs) abrangem um espectro de distúrbios inflamatórios crônicos dentro e fora do intestino, normalmente conhecidos como Doença de Crohn (DC) e ou Colite Ulcerativa (CU). Com a ocidentalização do estilo de vida e principalmente da dieta, aumentou-se o número de diagnósticos. 

Mas, especificamente, qual é o impacto da alimentação no desenvolvimento das DIIs?

Continue lendo o artigo e se atualize sobre o tema.

Como os hábitos alimentares impactam nas DIIs?

Os hábitos alimentares ocidentais são caracterizados pelo aumento de consumo de gordura e carboidratos simples (açúcares) e redução do consumo de carboidratos complexos (aqueles derivados de plantas- fibras) tornando-se uma dieta pouco nutritiva e com alto teor calórico.

Vários estudos em animais, demonstram que o consumo dessa “dieta ocidental” torna-se um fator importante na patologia das DIIs. A dieta é um fator de risco ambiental promissor, que pode ser modificável para o início e gravidade da doença. Vários estudos epidemiológicos identificaram relações entre o consumo alimentar de macro e micronutrientes e a incidência de DIIs.

A dieta pode facilitar a inflamação intestinal por meio dos seguintes mecanismo:

  • microbioma: a dieta pode alterar o tipo de população presente, havendo uma troca de “boas bactérias” (firmicutes) para “más bactérias” (bacteroidetes) e alterar as funções metabólicas da microbiota intestinal;
  • permeabilidade da mucosa intestinal:  a alteração da barreira intestinal pode ocorrer por meio de alguns metabólitos de macronutrientes, como os ácidos graxos poliinsaturados, que aumentam o processo inflamatório local, prejudicando as junções celulares. Consequentemente este processo também altera o microbioma.

É importante ressaltarmos a importância da integridade do epitélio intestinal. Durante a evolução, este tecido desenvolveu funções imunológicas que vão além de um controle local (como a produção de muco e a manutenção das junções celulares). Ele também é responsável pela produção de peptídeos antimicrobianos e citocinas que permitem lidar com desafios ambientais. Dessa forma é mais fácil compreendermos a importância da sua integridade para o funcionamento adequado do intestino e controle do meio, mantendo o funcionamento adequado. Quando ocorre a ruptura desses processos, há a instalação de um quadro inflamatório.

Estes avanços no entendimento das DIIs permitem compreender como o estilo de vida pode impactar tanto no desenvolvimento da doença como no tratamento. Se a alimentação está totalmente ligada, ela pode ser um fator importante no tratamento.

A alteração dos hábitos alimentares contribuem para a melhora do quadro?

Apesar das pesquisas terem avançado e se mostrado promissoras, as evidências ainda são limitantes e conflitantes. Entretanto, na Doença de Crohn pediátrica já é feita a recomendação para uma dieta enteral exclusiva com dieta elementar exclusiva para tratamento de primeira linha, devido à remissão da doença ser comparável com o uso de corticoides. Já na Colite Ulcerativa um estudo com 62 pacientes investigou que uma alimentação com exclusão de alimentos processados  afetou positivamente a doença em quadros leves a moderados, em associação com transplante de microbiota fecal de doadores saudáveis.

Apesar de várias evidências, a comunidade científica deixa claro que é necessário grandes estudos nutricionais controlados para corroborar a eficácia no longo prazo.

É importante sempre estarmos atentos aos novos avanços para buscarmos melhorias constantes nos tratamentos de pacientes portadores de DIIS.

▪ Endorp Endoscopia&Diagnóstico

Fonte: Adolph TE, Zhang J. Diet fuelling inflammatory bowel diseases: preclinical and clinical concepts. Gut. 2022 Dec;71(12):2574-2586. Epub 2022 Sep 16. 

Adolph TE, Meyer M, Schwärzler J, Mayr L, Grabherr F, Tilg H. The metabolic nature of inflammatory bowel diseases. Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2022 Dec;19(12):753-767. 

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