Hoje trazemos uma atualização sobre a Doença Celíaca. Após o paciente ser diagnosticado, é recomendada uma série de mudanças (principalmente na alimentação). Será que realmente a eliminação do glúten da dieta melhora os sintomas do paciente? Qual o impacto do compromisso do paciente na adesão da dieta na diminuição dos sintomas?

A doença celíaca é um distúrbio gastrointestinal autoimune causado pela intolerância ao glúten que afeta 1% da população. Sua apresentação clínica envolve sintomas gastrointestinais (diarreia, inchaço, gases, fadiga, dores abdominais) e o único tratamento é uma dieta isenta de glúten. 

O que é o glúten e, por que ele causa doença celíaca?

O glúten é uma proteína presente no trigo, aveia, centeio, cevada e seus derivados. Todo e qualquer alimento feito a partir desses ingredientes pode conter glúten e dessa forma deve ser excluída da alimentação. A ingestão de glúten causa uma reação inflamatória no intestino. Essa inflamação de forma constante danifica o intestino delgado , causando complicações médicas e isto  prejudica a absorção de nutrientes.

Pacientes diagnosticados na infância apresentam menos comorbidades e melhor adesão ao tratamento (restrição ao glúten) do que pacientes adultos. Entretanto, muitos pacientes relatam a persistência dos sintomas, mesmo com a restrição alimentar.

Como entender essa persistência dos sintomas?

Buscando entender esta relação da alimentação com a doença celíaca, pesquisadores entrevistaram 180 pacientes portadores da doença celíaca e aplicaram um questionário para entender a qualidade de vida de cada um. Este questionário abrangia perguntas relacionadas aos hábitos alimentares, restrições na rotina (visita a restaurantes, viagens, etc.), prática de exercício físico, tabagismo, presença de outras doenças e humor

Após a avaliação, 18% dos pacientes (33) relataram a persistência de sintomas gastrointestinais, fadiga e depressão. Estes que relataram sintomas persistentes tinham mais comorbidades intestinais, preocupações com a saúde e restrições na vida diária. Importante relatar que os grupos eram comparáveis em relação às diferenças sociodemográficas (1).

O diagnóstico na infância é crucial para a melhora dos sintomas e maior qualidade de vida na fase adulta.

De fato, vários outros trabalhos relatam que pacientes que receberam o diagnóstico durante a infância, possuem menos sintomas persistentes à base de uma dieta rigorosa na fase adulta. Isto é explicado pela maior adesão ao tratamento e pela facilidade na adaptação da criança aos novos hábitos alimentares, o que resulta na melhora do quadro (2).

Quando os sintomas são persistentes há uma grande probabilidade de uma não-adesão da dieta, tornando a doença celíaca não responsiva ao tratamento

O acompanhamento médico destes pacientes é de extrema importância para a detecção e manutenção desses sintomas, devido à interferência deles na qualidade de vida do paciente. Outro fator importante que deve ser observado, é que os sintomas da doença celíaca podem ser parecidos com os sintomas de outras doenças intestinais inflamatórias. Para essa exclusão, é necessário a realização de exames sorológicos e histológicos, a fim de possivelmente fazer uma dissociação dos sintomas de uma reativação da doença celíaca.

É importante ressaltar, que a restrição do glúten deve ser restrita aos portadores da doença celíaca, pessoas saudáveis não devem aderir a esta restrição, pois pode afetar o funcionamento e composição da microbiota.

Você conhece alguém (paciente ou não) que possui a permanência dos sintomas? Como acha que devemos lidar nesses casos?

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▪ Endorp Endoscopia&Diagnóstico

Fonte: (1) VUOLLE, Satu et al. Persistent symptoms are diverse and associated with health concerns and impaired quality of life in patients with pediatric coeliac disease diagnosis after transition to adulthood. BMJ open gastroenterology, v. 9, n. 1, p. e000914, 2022.

(2) Green PH, Cellier C. Celiac disease. N Engl J Med. 2007 Oct 25;357(17):1731-43. doi: 10.1056/NEJMra071600. PMID: 17960014.

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