Em 1981, Doll e Peto “sugeriram” que 35% das mortes relacionadas ao câncer e 90% das mortes relacionadas ao câncer de estômago e intestino grosso poderiam ser atribuídas a fatores alimentares. Ao longo das últimas décadas, numerosos estudos observacionais e ensaios clínicos randomizados (ECRs) foram conduzidos para identificar potenciais contribuintes alimentares para o risco de câncer colorretal (CCR). 

No entanto, os dados desses estudos mostraram associações inconsistentes ou apenas modestas. Isto está em contraste com a evidência robusta que liga a dieta com doenças cardiovasculares e diabetes.

NUTRIENTES E SUAS FUNÇÕES 

Conforme um artigo publicado na revista científica Gastroenterology, alguns nutrientes evidenciaram papeis importantes contra o aumento do risco de desenvolvimento de CCR.

Cálcio

As evidências predominantes indicam aumento do risco de CCR entre indivíduos com ingestão de cálcio inferior a 700–1000 mg/dia. Seria, portanto, razoável incentivar os indivíduos a aumentar sua ingestão de cálcio para um nível acima dessa faixa. Porém, a potencial alteração de outros factores na relação cálcio-CRC justifica uma investigação mais aprofundada.

Vitamina D 

Os dados convincentes de estudos epidemiológicos e experimentais apoiam os potenciais efeitos quimiopreventivos da vitamina D contra o desenvolvimento de CCR, embora as evidências dos ECRs sejam inconclusivas. Logo, seria razoável garantir que os pacientes obtenham um nível suficiente de vitamina D para manter um nível plasmático de 25-hidroxivitamina D maior que pelo menos 36 ng/mL.

Fibras

Dada a plausibilidade biológica e dados de estudos observacionais, as fibras têm sido julgadas pelo painel de especialistas como protetora contra o câncer colorretal com comprovações convincentes. Uma meta-análise resumiu as evidências prospectivas e relatou uma redução de 10% no risco de CCR por ingestão adicional de 10 g/dia de fibra alimentar total. 

Na ausência de dados que indiquem quaisquer consequências adversas a uma elevada ingestão de fibras, é razoável recomendar que os indivíduos consumam uma dieta rica em fibras, particularmente porque tem sido associada a outros resultados de saúde melhorados.

Vitaminas B e metionina

Apesar das evidências inconsistentes, recomendar uma ingestão adequada de folato pode revogar o risco aumentado de CCR consistentemente observado com deficiência de folato. Em contraste com o folato, os dados relativos a outras vitaminas B e CCR são escassos. A vitamina B6, avaliada pela ingestão alimentar e o piridoxal 5′ fosfato sanguíneo, a principal forma circulante, tem sido associada com menor risco de CCR em uma meta-análise. As vitaminas B2 e B12 permanecem inconclusivas. 

Para metionina, a ingestão elevada tem sido associada com menor risco de CCR em uma metanálise recente de 8 estudos de coorte. Achados semelhantes também foram relatados para metionina circulante. Além de um papel no metabolismo do carbono, os metabólitos da metionina podem bloquear a sinalização mitogênica em células de câncer de cólon e reduzir a inflamação associada a tumores do cólon através de múltiplas vias de sinalização.

Nutrientes antioxidantes

Embora a ingestão adequada de antioxidantes pode ser essencial para a saúde geral, recomendar o uso rotineiro de suplementos antioxidantes é improvável para evitar a CCR, particularmente em populações sem deficiências significativas de nutrientes.

Para conferir todos os alimentos e nutrientes abordados nesse estudo estadunidense, leia o artigo na íntegra.

CONCLUSÃO E DIREÇÕES FUTURAS

Dadas as evidências que apoiam a heterogeneidade anatômica e molecular clara de tumores colorretais, as respostas para estas perguntas estão ainda incertas: 

  • Como os fatores nutricionais influenciam diferencialmente o risco de câncer que surgem de vias etiológicas distintas? 
  • Qual é a dose, formulação e janela de tempo ideal para a exposição a nutrientes, alimentos ou padrões alimentares específicos para interromper ou reverter a carcinogênese? 
  • Como os componentes dietéticos interagem com a microbiota do intestino, bem como outros fatores do hospedeiro para influenciar o risco de CCR?

Segundo o  estudo, embora existam poucos dados conclusivos dos ECRs apoiando a eficácia da modificação dietética ou suplementação de nutrientes para a prevenção do CCR, vários alimentos e nutrientes (carne vermelha e carne processada, fibra, leite, cálcio, e grãos integrais) foram relacionados ao CCR com razoável consistência em estudos de coorte prospectivos. 

Em conjunto com os mecanismos biológicos derivados de estudos experimentais que ligam esses fatores com o CCR, há uma forte justificativa para continuar a investigação de estratégias dietéticas para a prevenção do CCR.

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