Quando se trata do monitoramento da Doença de Crohn, a nutrição não teve um papel tão importante nos últimos tempos. Quando olhamos para os pacientes, cerca de 65-75% deles sofrem com a desnutrição. O conhecimento científico limitado sobre a alimentação na doença justifica esse dado.

Apesar disso, recentemente houve um grande aumento no interesse científico pela nutrição como fator chave no tratamento dessa doença. Uma revisão publicada no ano passado pela Nutrients, traz as novas recomendações dietéticas no tratamento da Doença de Crohn. 

Discutimos essa revisão e trouxemos aqui nesse artigo os pontos mais importantes para você se atualizar. 

DOENÇA DE CROHN 

A Doença de Crohn (DC) é uma inflamação intestinal que pode causar lesões desde a boca até o ânus. A prevalência da doença tem aumentado em todo o mundo, tanto em crianças, quanto em adultos. Os sintomas mais comuns incluem diarreia, dor abdominal, sangramento retal, febre, perda de peso e fadiga. 

Até o momento, não se sabe ao certo o que causa a doença, mas sabemos que diversos fatores podem estar envolvidos; predisposição genética, fatores ambientais, microbiota e alterações no sistema imunológico. 

DOENÇA DE CROHN E DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS 

Como dissemos anteriormente, a desnutrição é muito comum nos pacientes com DC e pode ser atribuída à:

  • Absorção intestinal reduzida;
  • Disbiose intestinal;
  • E aos sintomas comuns da doença: náuseas, perda de apetite e vômito.

Além disso, os pacientes submetidos aos tratamentos cirúrgicos têm um maior risco de redução da absorção intestinal, levando à desnutrição. 

Diante desse cenário, nota-se a importância das estratégias dietéticas para a saúde gastrointestinal.

NUTRIÇÃO ENTERAL E PARENTERAL 

Mesmo com os avanços na assistência médica aos pacientes com DC, ainda vemos muitas complicações acontecerem. O mau estado nutricional e a redução do peso corporal estão associados aos piores resultados de pós-operatório

O suporte nutricional é uma forma de melhorar esse prognóstico; ao trazer um repouso intestinal, o suporte atenua o processo inflamatório. A nutrição enteral e a parenteral são recomendadas em pacientes com DC pela European Crohn’s and Colitis Organization (ECCO) e pelas diretrizes da European Society of Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN).

DIETA DOS CARBOIDRATOS ESPECÍFICOS

Essa dieta foi desenvolvida na década de 1920 para o tratamento da doença celíaca e passou a ser utilizada no tratamento das doenças inflamatórias intestinais em 1951. A dieta permite o consumo de monossacarídeos e exclui os dissacarídeos e alguns polissacarídeos.  

Alguns dos alimentos permitidos são:

  • Carnes, ovos, óleo, vegetais ricos em amilose, laticínios com baixo teor de lactose (iogurte caseiro, por exemplo), entre outros. 

Já os alimentos que devem ser evitados são:

  • Sacarose, maltose, batata, milho, soja, quiabo, queijos com grande quantidade de lactose (queijo fresco, por exemplo), entre outros.  

O mais indicado é que essa dieta seja seguida por pelo menos um ano após a remissão dos sintomas.

DIETA BAIXA EM FODMAPs  

A sigla FODMAPs significa fermentável, oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis. Nessa dieta deve-se evitar o consumo de carboidratos de cadeia curta, que são pouco absorvidos e sofrem alta fermentação pelas bactérias intestinais, causando diarreia, inchaço, distensão e dor abdominal. 

O paciente deve limitar o consumo de:

  • Mel, algumas frutas como maçã e melancia, cebola, alho, feijão, lentilha, entre outros.

Embora essa dieta esteja relacionada à redução dos sintomas, deve-se estar atento pois ela reduz a ingestão de inulina, fruto-oligossacarídeos e frutose. 

DIETA SEMI-VEGETARIANA 

Essa é uma dieta vegetariana flexível, ou seja, há sim uma limitação no consumo de carne e peixes, mas sem eliminá-los. Há também uma redução no consumo de alimentos processados e refinados. Os principais alimentos consumidos nessa dieta são:

  • Vegetais, frutas, cereais, ovos, iogurte e leite.

De forma semelhante às demais dietas abordadas aqui, a redução no consumo de carnes contribuiu para a remissão dos sintomas da DC. 

OUTRAS DIETAS

Algumas abordagens nutricionais surgiram nos últimos anos, aqui nós trouxemos as mais relevantes para o estudo publicado pela Nutrients em 2021. Ainda há uma escassez de dados acerca da Doença de Crohn e das demais inflamações intestinais. 

É muito importante que estejamos sempre atentos às novidades da área, por isso fique de olho aqui em nosso site e compartilhe para que mais colegas tenham acesso a essas informações! 

▪️ Endorp Endoscopia&Diagnóstico

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