O refluxo gastroesofágico é uma condição que acomete milhares de brasileiros, causando sintomas como azia, dor torácica intensa, tosse seca, doenças pulmonares de repetição (como pneumonias, bronquites e asma) e sensação de queimação. O refluxo é o retorno involuntário e de forma repetida do conteúdo do estômago para o esôfago.
Quando os alimentos são ingeridos, inicialmente pela mastigação, passam pela faringe, pelo esôfago (tubo que desce pelo tórax) e caem no estômago, que está situado no abdômen. Entre o estômago e o esôfago, existe um mecanismo – esfíncter esofágico inferior (EEI) ou válvula cárdia- que se abre para dar passagem aos alimentos e se fecha de forma imediata para impedir que o suco gástrico passe pelo esôfago. A mucosa que reveste esse compartimento do sistema digestivo, não está preparada para receber a substância ácida proveniente do suco gástrico.
Para investigar a presença e a gravidade do refluxo, existem exames especializados — os principais são a pHmetria esofágica e a impedanciopHmetria. Mas você sabe qual é o mais indicado para cada condição?
Neste artigo, vamos explicar o que são esses exames, suas diferenças e em quais situações, preferencialmente, esses exames são utilizados.
O que é a pHmetria esofágica?
A pHmetria esofágica de 24 horas é um exame que mede a acidez no esôfago ao longo de um dia. Ela é feita com uma sonda fina introduzida pelo nariz, que vai até o esôfago, ligada a um pequeno gravador portátil. O exame é capaz de identificar episódios de refluxo com acidez e relaciona os sintomas do paciente à presença de componentes do suco gástrico- ácido – no esôfago.
✅ Indicado para:
- Diagnóstico de Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)
- Avaliação pré-operatória de cirurgia antirrefluxo
- Monitoramento da resposta ao tratamento com inibidores de bomba de prótons (IBPs)
Limitações da pHmetria
Embora eficaz, a pHmetria tem limitações a serem consideradas. Ela detecta apenas o refluxo ácido (pH < 4), mas não consegue identificar episódios de refluxo não ácido ou fracamente ácido, que também podem causar sintomas significativos.
Pacientes com sintomas persistentes apesar do uso de medicamentos antiácidos, ou com exames normais obtidos pela endoscopia, podem ter refluxo não ácido – e, nesses casos, a pHmetria convencional não é suficiente.
O que é a ImpedanciopHmetria?
A impedanciopHmetria esofágica é um exame mais avançado, que associa a medição do pH com a impedância intraluminal- técnica que mede a resistência elétrica entre dois eletrodos colocados dentro do lúmen (espaço interno) do esôfago- , ampliando a forma de detecção, pois é capaz de detectar qualquer tipo de refluxo, independentemente do seu pH – seja ácido, fracamente ácido ou alcalino.
Esse exame também é realizado com uma sonda nasogástrica, mas com sensores que detectam o movimento do conteúdo esofágico, independente da alteração do pH. Isso permite uma análise mais ampla dos episódios de refluxo.
✅ Indicado para:
- Sintomas persistentes mesmo com IBPs- Inibidores da Bomba de Prótons, uma classe de medicamentos usados para reduzir a produção de ácido no estômago.
- Refluxo não ácido
- Investigação de sintomas atípicos, como tosse crônica, laringite ou asma relacionadas ao refluxo
- Casos em que a pHmetria convencional não foi capaz de esclarecer o diagnóstico.
🏥 Qual escolher?
A escolha entre pHmetria e impedanciopHmetria depende do quadro clínico do paciente. Mas, em geral:
| Situação Clínica | Exame Recomendado |
| Suspeita inicial de refluxo | pHmetria |
| Sintomas persistentes com IBP | ImpedanciopHmetria |
| Avaliação antes de cirurgia | ImpedanciopHmetria |
| Sintomas atípicos ou extraesofágicos | ImpedanciopHmetria |
| Monitoramento do tratamento | Ambos (dependendo da resposta) |
Independente do exame, a escolha será segura. Ambos são bem tolerados e fornecem informações relevantes para o tratamento personalizado da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE). O acompanhamento médico regular é fundamental para escolha ideal do exame e diagnóstico preciso.
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Referências:
Ministério da Saúde. Refluxo Gastroesofágico. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/refluxo-gastroesofagico/
Armas Ramos H, et al. Indicaciones actuales de la monitorización de la pHmetría esofágica. An Esp Pediatr. 2002;56(1):49-56.
Chaparro M, et al. Impedanciometría intraluminal multicanal esofágica: fundamentos técnicos y aplicaciones clínicas. Med Clin (Barc). 2007;129(13):510-2. doi: 10.1157/13111378.









