A metaplasia de Barret é um fator de risco para o adenocarcinoma de esôfago (EAC). E apesar das várias sociedades médicas recomendarem o rastreamento do Esôfago de Barret, a grande parte dos casos não é diagnosticada. Como consequência, a triagem e vigilância dessa condição, é quase inexistente.

Estudos já mostraram que mais de 90% dos pacientes com EAC não são diagnosticados com esôfago de Barret, antes do diagnóstico de câncer. Esse resultado não é consequência somente da falta de uma triagem sistemática, mas também de pré-requisitos que fazem o paciente não ser considerado para a triagem endoscópica

Um desses pré-requisitos é a doença do refluxo gastroesofágico. Entretanto, 40% dos pacientes com EAC não apresentam esse sintoma, e esse número sobe para 50%, em pacientes com esôfago de Barrett de segmento curto.

Isso mostra claramente que as práticas atuais são inadequadas para fazer a detecção precoce. Mas enfim, quais práticas podem ser abordadas na prática clínica? E quais ainda precisarão de mais estudos antes de serem recomendadas?

Algumas dessas práticas serão discutidas abaixo, acompanhe para se atualizar.

Identificação de pacientes para triagem endoscópica usando modelos baseados em dados demográficos e históricos

Essa talvez seja a ferramenta mais econômica, entretanto, estudos já mostraram que a sua sensibilidade em prever a presença do esôfago de Barrett ou o risco futuro de EAC, tem sido apenas modesta.

Endoscopia convencional

Embora ainda não haja evidências de comprovação benéfica da triagem endoscópica, estudos observacionais mostraram que naqueles pacientes com EAC, a vigilância endoscópica observa tumores nos primeiros estágios e consequentemente, garante uma maior sobrevida para o paciente.

Uma revisão sistemática com 51 estudos e mais de 11 mil indivíduos, já atribuiu à vigilância prévia, uma diminuição de 61% no risco de mortalidade em pacientes com EAC. Por outro lado, um estudo caso-controle retrospectivo e controverso, não encontrou impacto positivo na vigilância endoscópica, sobre a redução da mortalidade de pacientes com EAC.

Endoscopia Transnasal (TNE)

Quando comparado com a endoscopia padrão, um estudo para triagem de Esôfago de Barret observou uma taxa de participação maior entre os pacientes, quando utilizada a TNE. Além disso, 80% desses pacientes se disseram dispostos a fazer novamente o procedimento no futuro. Uma meta-análise apoia ainda a precisão, eficácia e aceitação do paciente do TNE em relação à endoscopia padrão.

O TNE é uma alternativa razoável como ferramenta de triagem para o Esôfago de Barret, atualmente. Por ser um procedimento bem tolerado pelos pacientes, pode ser usado em ambiente de cuidados primários. No entanto, a grande parte dos endoscópios transnasais são inferiores ao endoscópio padrão, o que gera dúvidas sobre a sua capacidade de identificar sutis alterações da mucosa presentes no EAC.

Cápsula endoscópica

Uma meta-análise incluindo 9 estudos e um total de 618 pacientes, estimou a sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de Esôfago de Barret, em pacientes com refluxo gastroesofágico, de 77% e 86%, respectivamente.

Entretanto, a qualidade das imagens da cápsula endoscópica não é comparável a da endoscopia padrão, além disso, essa ferramenta não é capaz de obter amostras de biópsia e mesmo quando amarrado, o controle do dispositivo é limitado.

Biópsias líquidas

Uma área com grande interesse é a identificação de miRNAs circulantes que tem alto potencial de biomarcador tanto para triagem, quanto para o monitoramento do Esôfago de Barrett. Uma revisão sistemática identificou 5 possíveis marcadores, são eles: miRNA-192, -194, -203, -205 e -215.

Apesar de serem achados promissores, são necessários mais estudos até que se possa indicar para uso clínico.

Outras ferramentas também estão em estudo para ajudar na triagem e vigilância do Esôfago de Barret como: teste eletrônico de respiração nasal, níveis de adipocinas séricas, Citoesponja-Trefoil Factor-3 e Endomicroscopia de Cápsula Tethered.

O que não deve ser ignorado é que as ferramentas atuais precisam ser repensadas. Além disso, a não qualificação de um paciente para endoscopia, por falta de doença do refluxo, também é um fator crítico limitante.

Novas estratégias devem ser implementadas para que se consiga diminuir as mortes globais por câncer de esôfago.

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▪️ Endorp Endoscopia&Diagnóstico

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