Com alta incidência e prevalência, o câncer gástrico é a quinta neoplasia mais comum no mundo e a terceira com maior número de mortes. No Brasil, o câncer gástrico ocupa a terceira e a quinta colocação entre homens e mulheres, respectivamente, em prevalência.

A Japanese Gastric Cancer Association (JGCA) define o câncer gástrico precoce como uma lesão limitada às camadas da mucosa e submucosa, que independe do estado linfonodal. 

Essa neoplasia é muito comum no Japão, devido aos vários programas de rastreamento. Mas, tem crescido em outros lugares do mundo. Da mesma forma, técnicas minimamente invasivas estão sendo introduzidas como forma de tratamento, esse é o caso da ressecção endoscópica.

Entretanto, as indicações dessa técnica vem de trabalhos, em sua grande maioria, orientais, que já tem familiaridade com o uso da ressecção endoscópica para câncer gástrico precoce. Então, seria possível utilizar os mesmos critérios de ressecção para a população brasileira? E quando esse tratamento poderia ser indicado?

Continue lendo, vamos conversar sobre isso!

O problema começa na definição do estado linfonodal do paciente

Apesar de não entrar como critério para o câncer gástrico precoce, de acordo com a JGCA, o estado linfonodal do paciente é importante para saber o prognóstico da doença. Em geral, o prognóstico para essa neoplasia é bom (sobrevida de 5 anos em até 95% dos pacientes). Mas, quando o paciente é nodal positivo, a sobrevida pode cair até 5 anos.

Muitas técnicas NÃO tem a sensibilidade e especificidade suficientes para investigar metástases linfonodais no paciente, como:

  • Tomografia computadorizada;
  • Ressonância magnética;
  • Ultrassonografia endoscópica.

A técnica mais confiável continua sendo o exame patológico, realizado após a cirurgia ou ressecção endoscópica. Em particular, os tumores que invadem a camada mucosa tem incidência de 6% de metástases linfonodais, versus 28% em cânceres gástricos de submucosa.

Critérios de ressecção endoscópica estabelecidos pelo JGCA

Conforme as técnicas pioneiras japonesas foram evoluindo, as indicações para ressecções endoscópicas também foram modificando. Atualmente, os critérios para indicações atuais para ressecção endoscópica, são:

  • Tumor intramucoso;
  • Tumor bem diferenciado;
  • Tumor menor que 2 centímetros;
  • Ausência de úlcera neoplásica;
  • Ausência de invasão linfovascular;
  • Margens horizontais e profundas negativas.

Quando esses critérios são atendidos, a ressecção endoscópica pode ser considerada TERAPÊUTICA. Para fins INVESTIGATIVOS, a JGCA forneceu critérios expandidos, que incluem somente tumores de mucosa, exibindo:

  • Tipo diferenciado, achados ulcerativos e mais de 2 centímetros de diâmetro;
  • Tipo diferenciado, achados ulcerativos e diâmetro não superior a 3 centímetros;
  • Tipo indiferenciado, achados ulcerativos negativos e diâmetro menor que 2 centímetros.

O uso desses critérios no Brasil

Um estudo retrospectivo recente, com uma coorte que incluiu todos os casos de câncer gástrico submetidos à gastrectomia com linfadenectomia entre 1988 e 2015, em um hospital brasileiro, trouxe importantes colaborações.

A pesquisa concluiu que, o grau de diferenciação dos tumores e a invasão à submucosa, são fatores independentes, associados ao aumento de metástase linfonodal, em pacientes com câncer gástrico. Esses dados são semelhantes aos orientais

Apontaram ainda que os critérios absolutos foram seguros para a indicação de ressecção endoscópica, no grupo estudado.

Atualmente, a gastrectomia associada à linfadenectomia ainda é o tratamento padrão na maioria dos casos de câncer gástrico. Mas, com o advento de novas tecnologias bem menos invasivas, a ressecção endoscópica se tornou alvo de debate e pode ser uma opção a ser considerada.

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▪ Endorp Endoscopia&Diagnóstico

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